Verão e doenças de pele: Como aproveitar essa estação sem piorar sintomas
Quem convive com doenças de pele crônicas, como psoríase e dermatite atópica (DA), não deve se privar durante as férias de verão. Pelo contrário: mudar de ambiente e colocar os pés para o alto alivia o estresse, um fator que agrava o quadro dessas enfermidades. Mas, para aproveitar a estação mais quente do ano sem sofrer consequências, algumas medidas são necessárias.
Uma boa notícia para começar: a água salgada do mar não é um problema para quem convive com doenças de pele crônicas, como explica a dermatologista Rosana Lazzarini, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Mas… a areia da praia pode causar irritação na pele dessa turma. A recomendação é não colocar o corpo todo em contato com a areia e se banhar para remover resquícios dela do corpo.
E quem pretende se divertir na piscina? O cloro também pode piorar sintomas da dermatite atópica. Mas não é proibido dar seus mergulhos: a dica é sair da piscina, ir direto para a ducha e depois hidratar a pele. Se a coceira começar já debaixo d’água, melhor sair da piscina e antecipar esse procedimento.
Ao contrário do que muitos imaginam, o sol pode até ser benéfico – entre outras coisas, ele ajuda a melhorar sintomas da psoríase. Tanto é assim que um dos tratamentos para a doença é a fototerapia, em que as áreas afetadas são expostas à luz ultravioleta para interromper a produção exagerada de células da pele. O método reduz a inflamação e a coceira.
Entretanto, não vale exagerar: a regra de evitar a exposição entre às 10h e às 16h, período em que há maior incidência de raios UVB na atmosfera, é especialmente válida para indivíduos com doenças crônicas de pele. “É preciso tomar sol de maneira controlada, sem se queimar, para não induzir novas lesões”, ressalta Lazzarini.
E atenção: em pessoas com dermatite atópica, o calor e o suor tendem a piorar os eczemas característicos da doença. Sombra e refresco são bastante importantes.
O protetor solar
Lazzarini começa o assunto reforçando a importância de escolher um filtro solar de qualidade. “Alguns protetores têm fragrâncias ou conservantes que podem causar alergia em qualquer pessoa”, afirma. Em quem tem DA ou psoríase, essa alergia se somaria às lesões da doença para causar ainda mais desconforto – e confusão quanto aos motivos reais dele.
Quanto mais clara a pele, maior precisa ser o fator de proteção do filtro solar. “E o produto não é uma armadura”, pontua a médica. Não adianta usar filtro de FPS 90 e ficar torrando no sol do meio-dia. As peles de tom mais escuro estão mais protegidas dos danos causados pela luz solar, como queimaduras. Mas o impacto do sol na psoríase e na dermatite independe do tom de pele – o cuidado, portanto, vale para todos.
Aliás, embora o protetor solar seja um aliado em boa parte dos casos, não é recomendado passá-lo em cima das lesões causadas pela DA quando elas estiverem em atividade. O melhor é abusar das barreiras físicas: roupas especiais com fator de proteção UV e guarda-sóis estão entre elas.
Infelizmente, algumas doenças pioram muito com a exposição ao sol. É o caso do lúpus eritematoso sistêmico, uma condição autoimune que prejudica órgãos como pele, rins e articulações. A primeira crise pode surgir justamente durante o verão, em pacientes com uma tendência genética a desenvolvê-la.
“O ideal para o paciente com lúpus é nem se expor ao sol. Se não tiver jeito, use o maior volume possível de proteção: roupa, óculos escuro e protetor solar”, indica a médica.