29.11.2022 Saúde Pública

Nova subvariante da ômicron exige retomada de cuidados com Covid-19

A chamada subvariante BQ.1 da Covid-19 está ligada a um aumento de casos que preocupa autoridades, principalmente considerando os não vacinados

O número de casos de Covid-19 no Brasil cresceu 134% entre 30 de outubro e 12 de novembro. É o efeito da nova linhagem da variante ômicron, a BQ.1. Os sintomas não são diferentes dos já conhecidos (dor de garganta, perda de paladar ou olfato e febre) e a maior parte dos casos é leve, mas especialistas pedem a retomada de certos cuidados, especialmente para idosos, indivíduos com doenças crônicas e imunossuprimidos.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) emitiu uma nota técnica em 11 de novembro recomendando medidas urgentes: incrementar as taxas de vacinação (principalmente das doses de reforço), adotar o uso de máscaras e evitar aglomerações. “Mesmo as pessoas não vulneráveis devem ter o cuidado de não se infectar para não transmitir ao grupo de risco”, ressalta o médico Hélio Bacha, consultor técnico da SBI.

Mas por que estão ocorrendo novas infecções? A explicação reside na janela imunológica: quem foi infectado há mais tempo está agora com a imunidade contra a Covid-19 reduzida frente às novas variantes. “Além disso, o grande número de mutações deu à BQ.1 uma capacidade de transmissão maior que as subvariantes anteriores”, esclarece Bacha.

Com o aumento no número de casos, crescem também as internações e a pressão sobre o sistema de saúde. “Mesmo que a internação seja rara em termos proporcionais, quando o número de casos é grande, os episódios graves aumentam também”, aponta o médico. 

E estamos mais expostos com as aglomerações liberadas, o uso de máscaras cada vez menor e a lentidão da vacinação, que dá sinais de estagnação. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mais de 69 milhões de brasileiros não tomaram a primeira dose de reforço. Já 32,8 milhões de pessoas deixaram de tomar a segunda dose de reforço.

O perigo das reinfecções

Contrair Covid-19 pela segunda ou terceira vez nessa nova onda pode acarretar em sequelas mais graves. “Quanto mais infecções, mais chances de desenvolver sequelas inflamatórias de sistema nervoso central, nos pulmões e coração”, afirma Bacha. “Acontece o mesmo com a dengue: a resposta inflamatória da segunda infecção pode ser mais contundente e causar danos”, explica. 

A boa notícia é que os testes, tanto o PCR quanto o de farmácia, continuam funcionando e detectam a nova subvariante. E as vacinas disponíveis hoje no Brasil protegem contra as versões graves provocadas por ela. 

Nosso país, no entanto, está atrasado em um quesito: o acesso à vacina bivalente, que confere uma maior proteção contra a ômicron. Desde setembro, a Anvisa está analisando o pedido de uso emergencial do imunizante, fabricado pela Pfizer. Não há previsão de uma definição e, se a requisição for aprovada, quando as doses serão distribuídas aos estados. 

Outra preocupação é a falta de medicamentos para o tratamento da Covid-19 no SUS. “Por exemplo: pessoas em condição de risco para complicação são candidatos a receber logo nos primeiros dias alguns antivirais que reduzem a possibilidade de apresentação grave em até 70%. Mas não há disponibilidade fora o remdesivir, e esse está disponível principalmente em serviços privados”, lamenta Bacha. 

Cinco medicamentos (entre eles, o paxlovid, baracitinibe, remdesivir e a associação de tixagevimabe e cilgavimabe) já estão aprovados pela Anvisa como eficazes para prevenir o agravamento de quadros da doença. Mas não há ainda acesso a essas terapias que poupam vidas. 

Foto: pixabay

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