Quais cuidados pessoas com asma grave e Insuficiência Cardíaca devem tomar diante da Covid-19?
Na reportagem, você ficará sabendo que:
– A Asma é uma das doenças crônicas consideradas de alto risco diante da covid-19;
– Sintomas respiratórios como chiado no peito e falta de ar são comuns no coronavírus e Asma;
– Cardiopatas acometidos pela covid-19 têm 10,5% mais chances de morte por insuficiência cardíaca na progressão da infecção;
– A vacina contra o novo coronavírus é recomendada para pessoas que convivem com Asma e com Insuficiência Cardíaca.
Muito tem se falado a respeito dos perigos de algumas comorbidades diante do novo coronavírus. No caso da infecção pelo SARS-CoV-2, a covid-19, as pessoas que têm doenças crônicas como diabetes mellitus, Asma, hipertensão arterial, câncer, imunodeficiências e os idosos, acima dos 60 anos, são considerados de alto risco.
No mês de conscientização sobre a Asma, conversamos com o pneumologista Paulo Pitrez, do Hospital Moinho de Vento. Ele explica que um estudo observacional no Reino Unido, com mais de 75 mil pacientes demonstrou que pessoas com Asma têm um risco maior de apresentar quadros mais graves da covid-19, inclusive necessitando de UTI.
Além disso, segundo o mesmo levantamento, a Asma Grave está associada a mortalidade mais elevada quando comparada a pessoas que convivem com Asma não grave. “Ainda não temos uma quantidade de evidência robusta para responder esta pergunta quanto ao real risco, mas, até o presente, é importante considerar a Asma, independente da gravidade, como um fator de risco para covid-19 mais grave”, afirma Pitrez.
O pneumologista ressalta que, por vezes, é difícil fazer a diferenciação entre os sintomas de coronavírus e Asma: “Sintomas de tosse e falta de ar podem ser causados por ambas doenças. “Chiado no peito” costuma representar um envolvimento do componente da Asma, mas pode também ser um episódio de Asma desencadeado pelo coronavírus. Assim, todo sintoma respiratório deve levantar a suspeita de covid-19 nesta pandemia”. Paulo Pitrez ressalta que o alerta ainda é maior principalmente quando o quadro de saúde for acompanhado por dor de garganta, dor no corpo, febre e cansaço. A pessoa com Asma deve estar atento para sempre fazer o tratamento específico durante a crise.
As recomendações para que quem convive com Asma se proteja contra a covid-19 são as mesmas que para todos: distanciamento social, higiene constante das mãos e realização da vacina quando estiver disponível para a faixa etária, sendo essencial a manutenção dos tratamentos controladores e preventivos da doença.
“Todo o paciente com Asma deve receber a vacina disponível no momento que chegar a sua faixa etária”, finaliza o pneumologista Paulo Pitrez.
Pessoas com insuficiência cardíaca também precisam de atenção diante do novo coronavírus. Isso porque, de acordo com o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, alguns estudos chegaram a indicar que, entre os hospitalizados, cerca de 50% tinham patologias crônicas sendo que 40% destas eram cardiovasculares. “Esses pacientes apresentam deficiência em seus sistemas imunológicos, além de um estado inflamatório crônico latente, o que pode agravar a evolução de processos infecciosos, fazendo com que o organismo responda à agressão viral sem a mesma eficiência, na comparação com um organismo saudável. Dessa forma, pacientes com insuficiência cardíaca, hipertensão, diabetes ou aqueles que tenham sofrido infarto ou cirurgia cardiovascular são considerados, desde o início da crise sanitária da covid-19, como o grupo com maior propensão para desenvolver as formas mais agudas da doença”, explica João Fernando Monteiro Ferreira.
Cardiopatas que contraem o novo coronavírus têm 10,5% mais chances de morte por insuficiência cardíaca na progressão da infecção do que pessoas sem essa comorbidade. Assim como a Asma Grave, os sintomas de um infarto agudo do miocárdio, por exemplo, podem ser mascarados pelos provocados pela covid-19. Para quem tem doenças cardíacas, é preciso manter o tratamento com medicamentos de uso contínuo.
O presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo avalia que, após um ano e meio de pandemia, cientistas e a comunidade médica observam as sequelas para aqueles que não tinham doenças cardíacas e contraíram o coronavírus. “Dados apontam que a prevalência de lesão miocárdica nos infectados variaram entre 7% e 36%. As lesões ocorrem tanto pela ação direta do coronavírus no músculo cardíaco como pela elevação de substâncias inflamatórias no organismo. Dessa forma, dores torácicas ou queda de pressão arterial, durante o quadro de covid, podem ser sinais suspeitos de insuficiência cardíaca mesmo naqueles sem histórico de problemas cardiológicos”, conclui.
O cardiologista Marcelo Sampaio, membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), deu algumas dicas específicas para quem convive com insuficiência cardíaca durante a após a pandemia. Confira:
Sete dicas para pessoas que têm Insuficiência Cardíaca enfrentarem a pandemia (e manter esses alertas quando ela passar)
1. Fique atento aos principais sinais da Insuficiência Cardíaca: cansaço, falta de ar e inchaço nas pernas são sinais importantes que não devem ser ignorados. O diagnóstico precoce é fundamental!
2. Você se sente cansado mesmo após uma boa noite de sono? Tem vontade de voltar para a cama logo depois de acordar? O cansaço é uma resposta natural do organismo e ao estresse do dia a dia, ainda mais nesse momento da pandemia, quando a saúde emocional está abalada. Mas, quando o cansaço se torna excessivo e constante, é melhor investigar: ele pode ser sinal de que algo não está muito bem com a sua saúde. O cansaço também, como tem sido destacado como um efeito da Covid-19, então é preciso investigar rapidamente, para que o diagnóstico correto seja feito.
3. Quando o coração está dilatado ou fraco, ele não bombeia o sangue com eficiência, causando a sensação de cansaço. Esse é o caso de doenças como a insuficiência cardíaca. Lembre-se de sempre relatar ao médico qualquer sintoma persistente no dia a dia, mesmo que pareça irrelevante.
4. A falta de apetite e o aumento de peso inesperado podem ser sinais de que algo não anda bem com a sua saúde. A Insuficiência Cardíaca pode ser uma das razões para você estar se sentindo desse jeito. Por isso, é sempre bom ter acompanhamento médico e passar regularmente em consultas! Mesmo durante a pandemia, não desmarque as consultas. Hoje, elas podem ser feitas com o recurso da Telemedicina.
5. Quando a Insuficiência Cardíaca é constatada, o primeiro passo é a mudança no estilo de vida. É importante que as pessoas com IC pratiquem atividade físicas, restrinjam alimentos, como o sal, o excesso de líquido, e façam uso dos medicamentos corretos. Não interrompa o tratamento. A adesão a ele é fundamental para manter a doença sob controle.
6. Não se automedique. Se sentir falta de ar, busque contatar o seu médico ou o serviço de saúde mais próximo de sua residência, seja no SUS (Sistema Único de Saúde) ou no seu plano médico. Informe que você sofre de insuficiência cardíaca, para que o profissional de saúde saiba avaliar se é necessário ajustar a dose da medicação. Mas não tome nenhuma atitude por conta própria.
7. Para todas as pessoas com doenças crônicas: Além de lavar as mãos, lembrar de lavar as unhas e os pulsos. Higienizar celulares e objetos de uso pessoal. Usar a máscara (mesmo depois que a pandemia passar, sempre que estiverem em ambientes com maior volume de pessoas, no transporte público, por exemplo, ou perto de alguém com gripe, use a proteção).